O projeto coordenado pela Professora Eliana Rodrigues (do Centro de Estudos Etnobotânicos e Etnofarmacológicos – CEE da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp), junto a comunidades quilombolas em Ubatuba/SP já se estende por cerca de 12 anos.
A equipe contou com a participação, nos últimos quase 3 anos, da pesquisadora SANDRA PAVAN, mestre e doutora em ciência ambiental e ecologia pela USP, Diretora da Lentz Meio Ambiente, atuando como especialista em MANEJO SUSTENTADO.
Artesã faz colheita da taboa no Quilombo da Fazenda, no litoral paulista
Mais uma etapa desse projeto foi concluída e, além de diversos produtos (vídeos, cartilha, manual, artigos científicos, teses de doutorado e mestrado), foi também publicado o artigo “Comunidades quilombolas revelam uso de plantas. Pesquisa participativa contribui com conhecimento e universitários elaboram plano de manejo de taboa” na revista Pesquisa FAPESP 337 de março de 2024.
A seguir apresentamos uma súmula da matéria, que sintetiza os fundamentos do projeto.
Desde 2015, uma equipe do CEE auxilia os moradores do Quilombo da Fazenda e do Quilombo do Cambury – ambos no litoral paulista (Ubatuba/SP, Núcleo Picinguaba) – a registrar seus conhecimentos sobre o uso da vegetação local.
Quando me perguntam o que eu, como cientista, pretendo devolver para a comunidade com esse trabalho, digo que não posso devolver algo que já é daquela comunidade”, reflete a bióloga Eliana Rodrigues, idealizadora da proposta de etnobotânica participativa.
No Quilombo da Fazenda, além do registro de saberes para futuras gerações, havia uma demanda por um plano de manejo participativo da taboa. A taboa é uma das principais matérias-primas para os artesãos do Quilombo da Fazenda. Trata-se de uma planta aquática nativa do Brasil que, nas mãos de pessoas habilidosas, se transforma em esteiras, bolsas, chapéus, tapetes, fruteiras, descanso de panela e até em porta-retratos.
O PLANO DE MANEJO sustentado para extrativismo dessa espécie foi, portanto, uma demanda da comunidade aos pesquisadores, sendo que o manual e vídeo que registra a forma sustentável para realizar a extração foi produzido a partir do conhecimento local, e não pelo caminho inverso muitas vezes praticado pela ciência. “A técnica participativa tem origem em um conhecimento que aquelas pessoas dominam e aplicam no cotidiano”, explica a engenheira florestal SANDRA PAVAN e, associando o conhecimento tradicional com a metodologia científica tem-se o produto que possibilita que a extração, feita sob um plano de manejo sustentado, tenha respaldo legal para ser realizada em Unidades de Conservação, onde vivem as comunidades quilombolas.
O artigo completo está disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/comunidades-quilombolas-revelam-uso-de-plantas/